A notícia de que a Igreja Universal levou dinheiro ilegalmente de Angola para a África do Sul —coisa de US$ 120 milhões— ajuda a compreender um lance executado nos subterrâneos de Brasília: a tentativa do governo de converter em embaixador do Brasil em Pretória o bispo Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio e sobrinho de Edir Macedo, líder máximo da Universal.
Em outubro, numa ligação telefônica com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, Bolsonaro rogou para que a indicação de Crivella fosse aceita. Sua súplica foi constrangedoramente ignorada. Crivella está ao relento há quatro meses.
Manda a praxe diplomática que o nome de um novo embaixador só seja festejado e divulgado depois da liberação do agrément (consentimento) do país para onde ele será mandado.
Quando a resposta demora a chegar, significa que o governo estrangeiro prefere não recepcionar o indicado. Bolsonaro pode supor que a colaboração com a Universal lhe renderá votos de evangélicos. Mas não fica bem pegar em lanças por um candidato a embaixador mais comprometido com os interesses de uma igreja do que com o interesse nacional.
Fonte: noticias.uol.com.br