Após 18 meses, a Presidenta resolve convocar mais de 90 pessoas que compõem o chamado “Conselhão” na busca de um maior diálogo com a sociedade tentando buscar alternativas para o grave momento econômico do país. No mesmo dia, a GM do Brasil demitia mais 600 trabalhadores de sua fábrica em São José dos Campos e, claro, outros milhares de pessoas também perderam seu sustento pelo país afora. Mas o “Conselho” estava reunido e os rumos para o país sair da crise estavam sendo resolvidos.
Vejamos: 92 pessoas que supostamente representam todos os setores sociais estavam com a presidente do país e mais um punhado de ministros após um ano e meio em que o país definitivamente se atolou em uma crise institucional, moral e econômica sem que ninguém fosse ouvido e, agora, o governo conclama a sociedade para aprovar e apoiar suas propostas desesperadas em busca de um ajuste fiscal e de medidas para a retomada do crescimento absolutamente questionáveis em sua eficácia.
Infelizmente, a quantidade de crédito anunciado pelo governo a título de empréstimos para a retomada econômica não é o suficiente para setor algum da economia. Pior, ao apresentar a alternativa do uso do FGTS pelos trabalhadores para que os mesmos voltem a consumir é incentivar um risco ainda maior de endividamento e insolvência diante de uma realidade de recessão.
Devemos reconhecer os esforços e as boas intenções das representações legítimas dos trabalhadores que estiveram na reunião do Conselho. Mas não podemos, de forma alguma, nos enganarmos e acharmos que nossas reivindicações em torno de nossos direitos possam se resolver por este caminho.
Claudio Magrão
Presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo